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À esquerda, ladeando a passagem para a entrada
do adro, em frente a Oséias, encontra-se a estátua de Daniel. O confronto do quarto dos
profetas maiores e do primeiro dos menores, nessa situação privilegiada, revela, mais
uma vez, um projeto iconográfico preciso para as posições das estátuas no adro. Os
traços fisionômicos da escultura mostram um jovem imberbe como Baruc e Abdias.
Entretanto, a fisionomia de Daniel difere da deles, pelo recorte especial dos olhos, a
boca e o nariz longo, de narinas fortemente sulcadas, revelando em seu conjunto uma
expressão altaneira e distante, própria de um herói cônscio de sua força. A coroa de
louros que decora a mitra da cabeça acentua esse aspecto e é uma alusão evidente à
vitória sobre os leões. Como Ezequiel, Daniel veste uma túnica longa, presa na cintura
por uma faixa abotoada no colarinho.Nessa escultura, parece que Aleijadinho dispensou
qualquer colaboração de seus auxiliares. Trata-se da estátua de maior dimensão de todo
o conjunto e, apesar disso, a peça é monolítica e particularmente bem executada,
revelando, sem dúvida, a marca do gênio de Aleijadinho. |