POETAS DE CONGONHAS |
|
Nascer de um poemaHá um poema nascendo em mim. |
AnonimatoHá poemas de nenhum poeta |
|
Meu universo é gente e de gente eu me alimento sentindo gostos profundos por vezes até nauseantes, levando minha razão prás raias do esquecimento. Gosto de todo tipo, de todo tipo de gente, gente magra, escura, feia, gente clara, gorda, atraente. Cada qual tem uma serventia, observemos prá ver: há gente prá gente olhar, há gente prá gente rir, há gente prá gente gostar, há gente prá gente partir, há gente prá gente beijar, há gente prá gente esconder, há gente prá gente mostrar, há gente prá gente comer; prá triturar e engolir, ouvindo escorregar por dentro e bem devagarinho sentir o gozo daquele momento. Mas essa gente é perigosa, você sabe bem porque; se começamos por dar-lhe uma rosa, de outra não quer nem saber. Vai embora como se nada houvesse entre nós acontecido e ficamos tristes, magoados, exaustos, quando não prá sempre esquecidos. |
Mas há uma gente especial que, queiramos ou não, permanece ainda que não tenhamos tocado-lhe sequer a fronte, roçado-lhe sequer os pêlos, beijado-lhe sequer os lábios, ou mirado o mesmo horizonte. Com esse tipo de gente é bom também se precaver, pois faz-nos sentir preguiça, tontura e indisposição, sintomas esses comuns de uma fulminante paixão. Ainda que isso aconteça por um processo 'normal', problema algum aparece de cunho ou de ordem legal. Mas ai de nós se se vem à tona que não é bem dela que gostamos, que não é bem ele que faz nosso tipo, que nunca, sequer nos amamos, que mantemos, sim, as aparências, embora nem todos enganamos; ai sim estamos perdidos pois nos condenamos, mesmo afirmando: sou moderno, cabeça feita, liberal; pagaremos muito mais caro em papel-moeda-moral. Esse não desgruda nunca quando se fala de gente e por isso é que pra muita gente ah, como gente faz mal! Um conselho descartável da culinária antropofágica: GENTE FAZ BEM A SAÚDE! |